Brevemente de volta!

Depois de muito tempo ausente, felizmente por motivos profissionais e académicos, espero brevemente poder contribuir para a divulgação e dignificação da Educação Social.



Até Breve!



“SÃO CRIANÇAS ENGAVETADAS NUMA SALA SEM CONDIÇÕES”

Três crianças com deficiências múltiplas frequentam diariamente a Unidade de Intervenção Especializada em Bragança onde, numa única sala, dormem, comem, fazem a higiene pessoal e têm as actividades curriculares. Não há divisórias, água, muito menos uma casa de banho adaptada para pessoas com deficiência. A falta de condições tem feito com que alguns pais se recusem a deixar ali os filhos.
No passado dia 3 assinalou-se o Dia Mundial da Pessoa com Deficiência. Contudo, crianças com deficiência física ou mental continuam a não receber a educação e cuidados especiais exigidos pela sua condição particular. A UIE - Unidade de Intervenção Especializada - (salas de Apoio Permanente da Multideficiência, Autistas, cegos, surdos, deficiência auditiva, deficiência mental e motora) da Escola do 1º Ciclo de São Sebastião, em Bragança, funciona numa única sala onde falta quase tudo. Alunos com Necessidades Educativas Especiais (NEE), que sofrem de deficiências múltiplas frequentam diariamente aquela escola, onde juntamente com professores e auxiliares de educação partilham, um espaço “com poucas condições físicas”, denuncia uma fonte ligado ao processo. A UIE tem cinco matrículas, mas a escola só é frequentada diariamente por três alunos, porque a alegada falta de condições físicas do espaço já fez com que os pais das outras duas crianças se recusassem a lá deixar os filhos. Na mesma sala, é feita a higiene pessoal, refeições e actividades curriculares dos alunos. A mesma fonte explica que as crianças dormem em sofás-camas, quando o ideal seriam camas articuladas. Mas entre outros aspectos, como a antiguidade da sala que mantêm a aparência e o mesmo piso de há cinquenta anos atrás, a inexistência de uma casa de banho adaptada a pessoas com deficiência é outra das maiores lacunas apontadas. Não há cortinas ou divisões que acautelem a privacidade das crianças quando é feita a higiene pessoal, além disso, não há água na sala apesar da existência de uma banca. Para esse fim, é necessário que as tarefeiras tenham que se deslocar a uma casa de banho “minúscula”, no corredor, onde não cabe um carrinho de rodas. O material didáctico utilizado por estes alunos para a aprendizagem curricular é o mesmo que foi utilizado pelas crianças de ensino regular que ali frequentaram o 1º Ciclo há vários anos atrás. Alice Suzano, do Sindicato dos Professores do Norte (SPN) tem algumas dificuldades em encontrar palavras para definir as condições da UIE. Diz mesmo que aquela sala “é uma vergonha”. A dirigente concorda com a existência das UIE “mas nunca nestas condições”. A responsável entende que primeiro deviam ter sido criadas as condições e só depois a sala de apoio. “Aquilo é o exemplo característico do ‘portuga-desenrasca’, que serve muito bem para Bragança, porque em comparação com outras salas no país qualquer semelhança é pura coincidência porque não há termo de comparação”, diz. Alice Suzano refere que por maior vontade e empenho que haja por parte das docentes e tarefeiras “as lacunas de equipamento são muito graves”. Em tom crítico, Alice Susano diz que na verdade aquelas crianças estão ali “engavetadas”. “Todos devíamos colaborar para denunciar estas situações mas toda a gente se cala por medo ou por vergonha de mostrar o que ali se passa”, sublinha.
A dirigente do SPN denuncia igualmente que os auxiliares de acção educativa têm sido substituídos por “tarefeiros” sem vínculo, pagos “miseravelmente”, em determinados períodos do dia, em que trabalham apenas duas a quatro horas, como no caso das duas mulheres que trabalham na UIE.(...)
Eugénia Pires
A Voz do Nordeste

Merece reflexão...

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